Ficávamos sentadinhos e quietinhos,sabendo o que
se esperava de nós.Copiávamos aqueles desenhos
frases,palavras e sílabas que a professora passava
na lousa.Depois fazíamos a leitura oral.
Dona Maria Luiza era realmente uma segunda mãe-
calma e bonita.Até hoje sonho revê-la.
Imaginava que a escola João Ribeiro de Barros
era a minha casa,cada sala era uma casa ,as professoras
eram as mães e as operacionais eram as empregadas.
Nesse caso o diretor...acho que só podia ser o pai.
Em casa,costumava folhear os jornais de Domingo,
é verdade,minhas irmãs não lembram,mas ele costu-
mava comprar jornais,lógico que era o Diáro de Da-
niela,para procurar emprego de officy-boy.Olhava tudo com
com atenção.Anúncios...Empregos...Que legal,tinha
quadrinhos também.E,o que será estaria escrito na-
queles romances e livros de poesias da minha mãe?
Não eram só três livros,não.É que quando fomos
para Auriflama ela precisou dar seus livros.
Na sala de aula,olhávamos perplexos aquele
varal com as palavras estudadas com lindas
ilustrações.
Diferente era o dia da novidade.Aprendíamos a
fazer composição.Depois de descobrir qual era o
objeto guardado dentro da caixinha,através de
perguntas,falávamos frases e a professora
escrevia na lousa.
Um dia,ela nos contou que tinha 22 anos e nos
mostrou os livros grossos que precisava ler.Augusto
Comte?Não sei.Nunca li.Fazia desenho de diabinhos,
mamãe brigou,não desenhei mais.Agora só faço
rabiscos.Houve uma época que só fazia desenhos
repetidos que alguém havia aprovado.Depois comecei
reproduzir,ficavam bonitos e as pessoas gostavam.
Comecei desenhar de novo livremente e Mary gostou.
Até que enfim.É que ela também cresceu.
Ela sonhava em comprar uma tv colorida.
Agradáveis eram os dias que fazíamos grupinhos
para discutirmos assuntos de Ciências.Um dia,
meu grupo conversou sobre as borboletas.Naquela
aula aprendemos uma palavra muito difícil, a
metamorfose.
Chato,mas parecia necessário,era fazer as
cópias da cartilha Caminho Suave em casa.
Ainda bem que tinha as figuras coloridas para a
gente usar a imaginação.Sabe quem eu era?
Eu era aquela menina que estava caminhando
para a escola.
Naquele dia,eu jamais poderia imaginar que
aquela estrada continuaria sendo a mesma que
ainda trilho hoje.
